quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Crítica?

Não havia gostado muito da última não, por isso resolvi postar logo outra .

Entenda como quiser; ou, se preferir, não entenda.

Três peixes estão voando e dançando soltos pelo ar. Há um tigre nadando e caçando uma ararinha, azul de tanto cantar. Uma onça recém-pintada repousa sob a brisa calma, até a tinta secar. Duas girafas imponentes gritam num agudo estridente: lá vem o bicho-papão. A onça se esconde na toca, o tigre, coitado, se afoga, e ninguém sabe onde está o leão. O invasor desgraçado tira da árvore um braço e, a cada passo, pisa em três ou quatro pirilampos. Ao longe, ele ouve o choro de um potro, aos prantos. Ouve também um lobo, uivando como louco e dizendo que, pouco a pouco, a aurora se foi. A tarde, vazia, se perdeu na tristeza; a noite, sozinha, chegou com destreza; o sol ficou pra depois. O que antes era uma floresta tão bela, hoje é uma selva de pedras, do paraíso à perdição. O monstro então vira homem, todos os bichos se escondem, e ninguém sabe onde está o leão.

Eu viajei. Fato.
Mas, acredite, faz sentido.

Hugo Trapp's

domingo, 9 de novembro de 2008

Início, falhas e esperança.

Agradeço, de antemão, ao meu não tão querido professor de biologia, Fabio de Freitas, que me proporcionou 50 longos minutos de inspiração durante a sua aula.

Ah, sim, isso é mera imaginação:

As minhas mentiras têm pernas compridas e dançam, seguindo à risca, a valsa da ilusão. O choro faz poemas bobos e escreve os contos do meu coração. Mas meu sorriso se indispõe com o grito e teima em virar riso pra eu não ter que chorar. Eu consigo tudo o que quero nessa fuga farsista, só que metade de mim é falso-moralista e não sabe se controlar. Pedi demais ao mundo e ele jurou de pés juntos que já deu tudo o que tinha. Então vou ter que apelar à maldita hipocrisia? Ou será que devo dizer que prefiro uma sombra de prazer a um corpo de cansaço? Meu presente insiste em morrer de saudade do passado.

Saudade.


Pronto, resolvi me revoltar e criar algo mais profundo. Vou montar meu próprio mundo, e dane-se toda e qualquer razão. Amores não-correspondidos, lá, serão proibidos e, por lei, ninguém vai sofrer. A chuva só vai cair quando eu quiser assim, e vai ser pro meu jardim não parar de florescer. Vai ser tudo do meu jeito, vai ser tudo tão perfeito...mas nada será real.

Nada.

Por isso me aflige o medo de ser o primeiro a entrar no mundo que eu fiz. Quem me dera ser o herdeiro do sonho que sonharam para mim. Era tudo tão tranqüilo: todo pai vê em seu filho o futuro da nação. Mas há aqueles que se perdem e mergulham em poemas inertes, se tornam poetas da desilusão. A minha vida, uma orquestra mal regida, erra até a nota em si. O maestro se senta à beira do palco e vê uma platéia sem respaldo: os outros não param de rir.

De mim.

Porém cada um tem consciência do seu próprio pecado e sabe o perdão que merece. Ai de quem se compadece, eu não vou deixar barato. Aquele sol há de voltar, e a esperança vai de mãos dadas comigo. Encho a boca pra falar que não estou mais nem aí pro perigo. Pouco me importa se a tristeza bate à porta, agora eu não abro mais. Cansei da melancolia e parei com a velha mania de todo dia olhar pra trás. Enjoei dessa viagem sem destino; a minha alma de menino ainda tem muito que fazer. Quem sabe não seja escrever algo um pouco mais sensato. Não sou poeta de direito, mas talvez o seja de fato.

Não importa, no fim tudo se resume a mera e pobre poesia: escrevi tudo o que queria e só me resta descansar. Pois os versos batem à porta da boca, mas a dor se faz de louca pra não ter que cantar.


P.S.: O co-proprietário dessa espelunca afirmou que prefere ficar no anonimato até após o vestibular, quando, enfim, dará o ar de sua graça. Assim EU espero.

Hugo Trapp's