E como se não houvesse mais nada de interessante, eles estavam lá, dois opostos tão distantes, separados apenas pela mesa, bem posta, quase intocável, de um restaurante; aquele mesmo, do primeiro encontro, no dia em que um olhar só fora o bastante. A música ao fundo fazia de tudo, menos acalmá-los. As pernas tremiam num ritmo indeterminado e, quando se tocavam, dois sorrisos sem jeito surgiam de repente, como se aquele indício, quase que imperceptível, de relação fosse o mais proibido dos pecados. As mãos, molhadas por um suor gelado, faziam questão de dançar nesse balé desregrado, ditado pelo piscar incessante e nervoso dos olhos, ora acometidos por uma falsa despretensão, ora pela inevitável esperança. Das bocas, saíam algumas poucas palavras tortas que, em meio à falta de sentido, serviam apenas para que o grito não despertasse na hora errada. Era fato: cada um queria esconder todos os seus defeitos, fosse qual fosse o sacrifício, mas não passou do início, nem demorou sequer três sorrisos para que ficassem à vontade. Foi então que começaram a transparecer as diferenças, as crenças, os ideais. De um lado, um passado escondido, talvez por sofrimento; do outro, um jorro de lembranças e momentos, dos quais um não queria lembrar, e o outro, ouvir falar. Ideias mais que divergentes, pensamentos inerentes ao estilo de cada um. Discussões que pareciam infindáveis, interrompidas por um semblante fechado, um rosto virado para o lado, um tom de voz alterado e um silêncio inquietante, nem um pouco satisfatório. E entre essas idas e vindas, um sentimento de cumplicidade afetava, igualmente, as duas metades, mesmo sem ninguém saber por que. Para os dois, naquele momento, parecia loucura pensar em amor. Ela pensava: com ele, não; ele imaginava: com ela, nunca. Pobres relutantes, mal sabiam que já era tarde demais. E, apesar de tudo, não tardou para que se entendessem e que a história, de fato, começasse. Foi rápido demais pra que qualquer um compreendesse; foi forte demais pra que o mundo esquecesse. Até havia quem achasse ser apenas mais uma de amor, mas era muito mais. Eram, indiscutivelmente, dois mundos. Mas também era, claramente, o melhor de cada um.
2 comentários:
é engraçado q as histórias de amor são demasiadamente parecidas xd
mais qd somos os envolvidos axamos q elas não tem nada haver c a nossa
Adorei
;*
Boom, boom..rsrs ^~
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